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domingo, 6 de outubro de 2013

Experiência fora do Corpo - Documentário do Globo Repórter.

Viagens astrais, reencarnação, curas espirituais. Você acredita em tudo isso? O Globo Repórter investiga os limites entre ciência e espiritualidade.

- Alguns minutos entre a vida  e a morte. Você vai conhecer a fantástica história de quem passou por este trauma. A experiência de quase-morte, pode mudar uma vida? 
- A enigmatica terapia de vidas passadas, confusões e angústia, poderiam ter sido resultado de dramas vividos muitos séculos atrás?
- Cura espiritual, a história do jovem que quase ficou paraplégico. Ele tem certeza, o espírito do médico alterou um destino que parecia inevitável. 
- E o que dizer das pessoas que afirmam sair do corpo enquanto dormem. Verdade ou ilusão. Nossos repórteres acompanham o teste feito no instituto do sono em São Paulo.


Para a maioria das pessoas, sair do corpo é um desafio impensável. Mas para a psicóloga Marina Thomaz e para a professora Ana Maria dos Santos não. Elas eram crianças quando fizeram os primeiros passeios, na chamada viagem astral. 
"Eu posso sair daqui e ir até a sua casa. Posso sair daqui e ir até a casa dos meus pais, dos meus filhos, fazer uma visita. Tudo isso é factível", garante Marina. 



"A palavra 'consegue' deixa uma distância muito grande. Não é uma questão de conseguir. É com que freqüência eu faço isso. Todas as noites", afirma Ana Maria. 

A pedido do Globo Repórter, elas vão repetir um estudo feito há dez anos no Instituto do Sono, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os pesquisadores quiseram saber o que acontece com as funções vitais de quem diz ser capaz de se projetar e sair do corpo. 

"A pergunta do Instituto do Sono era: 'Será que durante um procedimento onde há projeção existe alguma alteração do traçado eletroencefalográfico?'", diz o professor de psicobiologia da Unifesp Marco Túlio de Mello. 

O interesse de cientistas pela espiritualidade tem aumentado nos últimos anos. Dois pesquisadores vasculharam 1,2 mil trabalhos científicos sobre o tema em todo o mundo. Uma hipótese: diante do desconhecido, algumas pessoas seriam geneticamente mais pré-dispostas do que outras a crer e ter fé. 

"Alguns cientistas já estão começando a falar que a gente deve ter herdado circuitos biológicos associados à fé. Agora, como todos os seres humanos são bem diferentes uns dos outros, talvez um ateu não tenha herdado esses circuitos e não esteja capacitado biologicamente a crer, a transcender, a perceber o divino", diz o fisiologista Marcelo Árias, do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte). 

Ana Maria não é religiosa, mas tem certeza que sai do corpo. Diz que tem uma missão a cumprir: "A gente está perto para ajudar a pessoa na hora da morte, do desespero e tudo mais na transição". 

Seria um grupo de pessoas, ou consciências, que se juntam, em algum lugar do espaço para auxiliar quem está no momento de passagem desta para uma outra vida. 

"Eu tenho um pessoal que me ajuda muito – todos fora do corpo. Este pessoal é fantástico", conta Ana Maria. 

Ana Maria sabe que não é fácil acreditar nas histórias que ela conta. A desconfiança dos outros fez dela uma pessoa solitária. "Perdi amigos, alunos, empregos. Querendo ou não, a gente fica diferente", diz ela. 

Entender essa "diferença" uniu pesquisadores em torno de um projeto: criar um centro de estudos da consciência. O lugar escolhido foi Foz do Iguaçu, no Paraná. Segundo eles, por causa da grande concentração de energia. 

É onde mora, hoje, a pesquisadora Málu Balona, uma estudiosa do comportamento das pessoas que dizem sair do próprio corpo. A pesquisa feita por ela durou nove anos e foi batizado de "Síndrome do Estrangeiro". 

"Eu tive algumas experiências bastante críticas de pessoas que me relataram que foram tratadas a vida toda, e chegaram a tomar eletrochoque ou uma medicação pesada. Mas a única queixa delas era a experiência fora do corpo. E as pessoas não apresentavam em outros dados de comportamento nada que indicasse um desequilíbrio", conta a pesquisadora. 

Em 2002, um médico suíço descobriu, por acaso, que poderia fazer uma pessoa sair do corpo. Durante um teste em uma paciente com epilepsia, ele aplicou uma pequena carga elétrica na região do cérebro chamada de giro angular. 

É no giro angular que o cérebro reúne toda a sensibilidade do corpo, como tato, equilíbrio e visão. É ali que o ser humano sabe se está sentado ou em pé, onde se situa no mundo. A surpresa veio quando o médico aumentou levemente a carga elétrica. 

"Ele obteve o seguinte relato da paciente: 'Olha, doutor, está acontecendo uma coisa engraçada. Parece que eu estou no teto e, quando eu olho para baixo, me vejo deitada na mesa de cirurgia, vejo o anestesista, os médicos. Mas é engraçado, porque eu sei que eu estou deitada. Como eu estou me vendo lá de cima?'", revela o neurocirurgião da Unifesp Paulo Porto de Mello. 

No Instituto do Sono, começam os preparativos para uma longa noite. Câmeras e sensores vão ficar ligados o tempo todo. É a certeza de que Ana Maria e Marina não vão sair dali. Ou será que vão? O desafio é justamente este: vigiadas por aparelhos, elas terão de descrever objetos que serão colocados três andares abaixo. 

Ana Maria e Marina estão presas a eletrodos. Depois que a porta do quarto foi fechada, a equipe do Globo Repórter aproveitou para selecionar alguns objetos que vão ser levados para o nono andar, para que elas possam descobrir quais são. 

Sobre a mesa, além do relógio, um carimbo, uma fita métrica, uma fita de vídeo e um tubo de xampu. Será que, mesmo fechadas nos quartos, elas são capazes de sair do corpo e identificar os objetos? 

"É possível. Se eu vou conseguir, não sei. Vou tentar", disse Marina. 

Experiências assim são repetidas todos os dias no Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC), em Foz do Iguaçu. O idealizador é o escritor Waldo Vieira, um médium que largou o espiritismo em busca de conhecimentos científicos. A base dos estudos é duvidar de tudo. "Quando você sai do corpo, as coisas são mais objetivas que o concreto. Isso é muito sério. Faça a pesquisa por você. E você vai chegar às suas conclusões", diz ele. 

Se é para duvidar, a equipe do Globo Repórter decidiu ver o que acontece num dos laboratórios. A preparação é uma conversa quase incompreensível. Os pesquisadores da consciência criaram palavras novas para tentar explicar, cientificamente, os fenômenos que eles investigam. 

"Especificamente o materpensene daquele laboratório, que é a sinalética energética. E você vai poder identificá-la", diz um deles. 

É uma informação difícil de ser traduzida. Os pesquisadores dizem que é possível identificar e sentir no próprio corpo a presença de energias invisíveis. Para isso, é preciso prestar atenção em tremores na pele, arrepios, garganta seca. Sinais de um possível contato com um mundo paralelo. 

Os laboratórios são construções espalhadas. Parece um campus: um lugar com bastante grama e árvores. Lá dentro, uma sala bastante simples, com muito espaço, aparelho de ar-condicionado, poltrona, uma câmera para registrar tudo, uma mesa, uma cama e alguns livros. 

A solidão, o silêncio e a luz suave têm o efeito de um calmante. Para relaxar ainda mais, o repórter Sandro Dalpícolo lê um pouco e descontrai os músculos. É hora de ir para a cama. Os pesquisadores dizem que assim, tranqüilo, é mais fácil perceber as outras consciências que estariam no ambiente. Ou os outros espíritos, como diriam os religiosos. Depois de quase uma hora no laboratório, ele faz um relato – por escrito – da experiência: "Uma sensação de sonho, mas eu não tenho a certeza de que adormeci o tempo todo. Foi relaxante, senti ter cochilado alguns momentos". 

"Vem aquela sensação de sonho, por isso que é importante as repetições dos laboratórios. Com a repetição, você vai começando a medir a evolução das suas percepções dentro do laboratório. Quem sabe numa próxima...", avalia um dos pesquisadores. 

No Laboratório do Sono, em São Paulo, Ana Maria e Marina estão acordando. 

"É muito fio para o meu gosto", reclama Ana Maria. A professora conta os objetos que conseguiu ver: "Quatro. O vaso era maior, era grande. E a caixa era do tamanho de um livro. Um dos outros objetos parecia cigarro, mas podia ser caixinha de cartão. Era pequeno. Achei que pudesse ser um cigarro. E o outro era uma caneta ou um lápis". 

A equipe do Globo Repórter convidou Ana Maria para ver os objetos. O mais próximo que ela identificou foi a fita de vídeo. 

Marina disse que os fios a incomodaram durante a noite. "Eu tenho a certeza de que aqui eu não estive", afirma. 

Na noite seguinte, uma nova tentativa, com objetos diferentes sobre uma toalha branca. E, ao amanhecer, a surpresa: nenhuma delas diz ter estado na sala onde estavam os objetos. Mas, sem que tivessem conversado uma com a outra, as duas contaram histórias muito parecidas. 

"Tenho certeza de que no alvo programado eu não estive. Estive em algum lugar fora do Instituto do Sono, onde tinha muita chuva, pessoas. Como se tivesse ocorrido um incidente, alguma confusão", descreveu Marina. 

"Sinceramente, espero que eu esteja totalmente enganada. Senão, a gente vai ter notícias ruins hoje. Nada muito nítido: muita água, muito grito, muita gente, todo mundo correndo. É muito esquisito, porque é muita informação", contou Ana Maria. 

Elas teriam mesmo ido a algum lugar? As notícias do dia aumentaram o mistério. O apresentador William Bonner anunciou no Jornal Nacional: "As enchentes provocadas pelo perídio de chuva na região amazônica já atingem mais de 20 mil pessoas no estado do Pará". 

Os testes mostraram que o sono de quem diz sair do corpo é igual ao de qualquer pessoa. Mas, na experiência feita há dez anos, Ana Maria acertou todos os objetos que estavam escondidos numa outra sala e convenceu os pesquisadores de que a projeção é um fenômeno possível. 

"Eu acho que a grande busca do cientista é desenvolver a metodologia. O fenômeno está relatado, as pessoas vêem, escrevem, mostram e nós o observamos de longe. Mas quantificar esse fenômeno é muito difícil para nós", diz o professor de psicobiologia da Unifesp Marco Túlio de Mello 

"Eu não qualifico como sucesso ou não sucesso. Eu qualifico como mais uma chance para as pessoas que têm problemas de visões, de ouvir coisas, de acordar com impressões ruins. Elas devem saber que não estão sozinhas – isso acontece com muita gente", finaliza Ana Maria.

Texto retirado da página do Globo Repórter no dia 13/06/2006

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