Em Minas Gerais estão as duas únicas ruas brasileiras onde se põe em xeque as leis da Física: carros deixados desligados no meio da rua, em vez de descerem, sobem a ladeira, desafiando a gravidade. Várias explicações já foram propostas para o fenômeno, especialmente em São Tomé das Letras, conhecida por seu misticismo e por suas lendas. Mas talvez a explicação seja, como sempre, a mais simples.
São Tomé das Letras é um lugar interessante. Situado no sul de Minas, desde a sua fundação está envolvida em lendas e mistérios. Lá foram encontrados no século XVIII caracteres rupestres representando animais e objetos abstratos de origem desconhecida. Os primeiros exploradores que visitaram a região, no entanto, em sua característica visão etnocêntrica, estabeleceram que as pinturas foram feitas por São Tomé, que teria visitado o Brasil em tempos remotos. Aliás, a Lenda de Sumé, que muitos atribuem ser o São Tomé da Igreja Católica, foi bastante difundida entre os indígenas brasileiros do passado e já foi mostrada aqui no Rama. A partir de então o povoado se tornou uma cidade, hoje conhecida, por conta das inscrições, como São Tomé das Letras.
A cidade é visitada por gente que acredita em misticismo e extraterrestres, por conta da frequente aparição de Óvnis na região. Um de seus mistérios mais conhecidos acontece na Ladeira do Amendoim, a rua inclinada que desafia a gravidade, onde carros deixados desligados sobem a ladeira em vez de descer.
Quem já viu estranha. Quem não viu não acredita. Na Rua Professor Otávio Coelho Magalhães – a popular Rua do Amendoim –, na capital de Minas Gerais, um carro desligado parece subir a ladeira. A Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte não sabe exatamente quantos, mas estima em milhares os turistas que, todo mês, estacionam o automóvel junto à calçada para vê-lo escorregar rampa acima.
Explicação ninguém jamais deu. O folclore local fala em depósitos subterrâneos de minérios imantados. Eles atrairiam o veículo, movendo-o. Que nada! A SUPER não quer estragar a brincadeira, mas o mistério é só aparente. Basta atentar para a topografia da região. “O que parece subida na verdade é uma descida”, diz o engenheiro cartógrafo Plínio Temba, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A SUPER levou Temba para verificar o nível da Rua do Amendoim e constatou que ela não é um aclive, mas um declive (veja ao lado). É lógico que os carros deslizem.
O que causa a impressão errada? Pura ilusão de óptica. Em geral, olha-se a Rua do Amendoim a partir da sua transversal, a Juventino Dias. Tem-se a impressão de que ela é inclinada porque a Juventino, essa, sim, é uma rampa acentuada. “O engano é só de perspectiva”, diz Temba. Agora que você sabe como o truque funciona, vá lá conferir. É uma ilusão e tanto.
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